Qual a relação da Microbiologia dentro da estética?
Talvez esse tema pareça não muito interessante, não é mesmo?
Pois bem! Ele é extremamente relevante para a saúde de suas clientes.
Nesse artigo vamos entender sobre a importância dos cuidados com a biossegurança no dia a dia, em especial a Microbiologia. Aprofundando a compreensão sobre esse tema que está diretamente ligado à área da beleza.
O que é microbiologia?
A microbiologia é ramo da ciência que estuda os microrganismos e suas relações recíprocas com os demais seres vivos, sua distribuição natural, seus efeitos benéficos ou prejudiciais aos outros seres, suas alterações físicas e químicas no ambiente, preocupando-se com a caracterização morfológica, estrutural, fisiológica, metabólica e reprodutiva.
A microbiologia também trata da diversidade e evolução das células microbianas, abrangendo o porquê e como os diferentes tipos de microrganismos surgiram. Ela ainda compreende a ecologia, por isso também trata do local onde os microrganismos vivem na Terra, como eles se associam e cooperam uns com os outros, e o que eles fazem no mundo em geral, no solo, na água, em animais e plantas.
Esta ciência gira em torno de dois temas interconectados: o entendimento da natureza e funcionamento do mundo microbiano, e a aplicação do nosso entendimento acerca da microbiologia para benefício da humanidade e do planeta Terra.
[box type=”bio”] Como uma ciência biológica básica, a microbiologia utiliza células microbianas para analisar os processos fundamentais da vida. Os microbiologistas desenvolvem um conhecimento sofisticado sobre as bases química e física da vida, e descobriram que todas as células compartilham muitas características em comum.[/box]
Como uma ciência biológica aplicada, a microbiologia está na linha de frente de vários avanços importantes na medicina humana e veterinária, agricultura e indústria. De doenças infecciosas para a fertilidade do solo, até o combustível que você coloca no seu automóvel, os microrganismos afetam a vida cotidiana dos seres humanos tanto de forma benéfica quanto de forma prejudicial.
Os microrganismos já existiam na Terra há bilhões de anos antes do surgimento das plantas e dos animais. São as menores formas de vida e coletivamente constituem maior parte da biomassa da Terra, executando muitas reações químicas essências para os organismos superiores. Na ausência dos microrganismos, as formas de vida superiores nunca teriam surgido e não poderiam ser sustentadas.
De fato, o próprio oxigênio que respiramos é o resultado de atividade microbianas precedente. Além disso, seres humanos, plantas e animais são intimamente dependentes da atividade microbiana para a reciclagem de nutrientes-chave e para a degradação de matéria orgânica. Os microrganismos podem ser subdivididos em quatros grupos gerais: as bactérias, os fungos, os vírus e os parasitas, cada um apresentando o seu próprio grau de complexidade.
Alguns microrganismos apresentam uma relação com o hospedeiro (onde se hospeda) que é chamada de simbiose.
Existem três classificações para a simbiose:
- Comensalismo;
- Mutualismo e
- Parasitismo
No comensalismo há uma relação harmônica entre as espécies e por este motivo não há prejuízo para nenhuma das partes. Um exemplo dessa classificação é a relação entre o tubarão e a rêmora (peixe): este peixe acompanha de perto o tubarão, alimentando-se dos restos de alimentos descartados pelo tubarão. Assim, a rêmora é transportada pelo tubarão enquanto alimenta-se dos restos de sua alimentação. Esse processo não prejudica nenhuma das partes.
No mutualismo existe um tipo de comensalismo onde as duas espécies se beneficiam. Veja que interessante: abelhas se alimentam do néctar das flores. O néctar é produzido na base das pétalas das flores, cujo o qual é um líquido rico em açúcares. Quando as abelhas colhem o néctar, grãos de pólen se depositam em seu corpo, esse pólen contém células reprodutoras masculinas da planta. Pousando em outra flor, esses insetos deixam cair o pólen na parte feminina da planta. As duas células reprodutoras – a masculina e a feminina – irão então se unir e dar origem ao embrião (contido dentro da semente). Perceba que existe uma relação entre esses insetos e a planta em que ambos lucram.
Outro exemplo bem interessante são as bactérias que vivem dentro do organismo humano, em sua maioria no trato gastrointestinal, e que participam de processos biológicos vitais como a absorção e digestão de nutrientes, produção de vitaminas e ácidos graxos, inativação de toxinas e regulação do sistema imunológico, entre outros. As bactérias sobrevivem dentro do nosso organismo e ainda auxiliam nos processos biológicos.
Já o parasitismo acontece quando uma única espécie se beneficia trazendo prejuízos ao hospedeiro, como os mosquitos ou vírus da raiva, por exemplo.
É caracterizado com uma espécie que se instala no corpo de outra, dela retirando matéria para a sua nutrição e causando-lhe, em consequência, danos cuja gravidade pode ser muito variável, desde pequenos distúrbios até a própria morte do indivíduo parasitado.
Quais são os patógenos que podem prejudicar a saúde?
Uma infinidade de microrganismos estão presentes no ambiente e podem desencadear uma série de doenças.
Quem são esses microrganismos?
- Bactérias: as bactérias patogênicas de origem humana causam, tipicamente, doenças do trato gastrointestinal, como febre tifoide e paratifoide, disenteria, diarreia e cólera. As bactérias causam cerca de metade de todas as doenças humanas. Por exemplo, mais de 1 milhão de pessoas morrem a cada ano de tuberculose pulmonar, causada por Mycobacterium tuberculosis. E outros 2 milhões de pessoas morrem anualmente de doenças diarreicas causadas por várias bactérias. Algumas doenças bacterianas são transmitidas por outras espécies, como pulgas ou carrapatos. As enfermidades de origem alimentar ocorrem quando uma pessoa contrai uma doença devido à ingestão de alimentos contaminados com microrganismos ou toxinas indesejáveis. Essa condição é frequentemente denominada infecção e intoxicação alimentar. Os microrganismos geralmente causadores das infecções alimentares são: Salmonella sp, Listeria monocytogenes, Campylobacter jejuni, Escherichia Coli, entre outros.
- Fungos: estão por toda parte. No ar, nas superfícies e até em nosso corpo. Por isso, é inevitável nossa exposição a eles. Mas em condições favoráveis, os fungos se desenvolvem. E quando isso acontece no nosso organismo, podem dar origem a um processo infeccioso, as chamadas micoses.Micoses superficiais são aquelas que atingem a parte externa da pele, ao redor dos pelos e até as unhas. Uma das mais comuns é a frieira. As unhas também são um alvo frequente dos fungos. Esta infecção é chamada de onicomicose.
- Vírus: são microrganismo causadores de doenças em humanos, animais e plantas. Em humanos, causam uma série de infecções benignas como gripes, verrugas, hepatites e doenças mais severas como poliomielite, câncer e AIDS.
- Protozoários: são parasitas causadores de doenças no homem e animais, e na maioria das vezes dependem de um hospedeiro para sua sobrevivência e reprodução. Por exemplo a doença de Chagas causada pelo Tripanosoma Cruzi e transmitida pelo inseto barbeiro e a malária causada pelo Plasmodium sp. e transmitida pelo mosquito Anopheles.
- Esporos: são células envolvidas por uma parede celular resistente para proteção quando existe uma condição de risco, mantendo-a latente até que as condições sejam favoráveis e ela volte a sua atividade normal. Em geral, são muito resistentes, podendo resistir até mesmo a desinfecções de alto nível.
Perigos frente aos patógenos
Muitos microrganismos são considerados como riscos biológicos, dentre eles temos os vírus, as bactérias, os parasitas, os protozoários, os fungos e os bacilos. O risco biológico está diretamente associado por meio do contato direto com o indivíduo, ambiente, ou qualquer material contaminado.
Os microrganismos mais frequentes são as bactérias. Patógenos que necessitam de um meio de transporte para a sua proliferação no ambiente, esses transportes são: as mãos, roupas, equipamentos, utensílios e superfícies de contato.
A contaminação biológica nos indivíduos se estabelece de forma cutânea ou percutânea, com ou sem lesões, contaminação via aérea (respiratória), conjuntiva (pele), oral (ingestão) e via ocular (mucosa conjuntival). Existem evidências sobre contaminação em manicures, pedicures, podólogos, cabeleireiros e barbeiros em locais como: salões de beleza, barbearias, hospitais e instituição para idosos.
Esse tipo de contaminação biológica pode ocorrer por inúmeros fatores:
- Reuso de materiais descartáveis como lâminas;
- Inadequada desinfecção e esterilização de instrumentais e equipamentos;
- Uso incorreto de soluções químicas desinfetantes;
- Falta de assistência no pós-trauma à pele e mucosas;
- Desconhecimento sobre a prevenção através do uso de vacinações;
- Incorreto descarte de materiais cortantes e perfurantes;
- Uso incorreto ou o não uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s);
- Falhas na prevenção de acidentes.
Algumas medidas preventivas devem tornar-se rotina dentro das clínicas de estética, são elas: higienização correta das mãos e o uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s).
Microbiologia dentro da estética: Higienização e transmissão de patógenos por meio das mãos
As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos, sendo a pele um possível reservatório de diversos germes, que podem ser transferidos de uma superfície para a outra, pelo contato direto (pele com pele), ou indireto, através do contato com objetos e superfície contaminados. A pele das mãos hospeda, principalmente, duas populações de microrganismos:
Os pertencentes à microbiota residente – são constituídos por microrganismos de baixa virulência. É mais difícil de ser removida pela higienização das mãos com água e sabão, uma vez que coloniza as camadas mais internas da pele ligada às camadas mais profunda da pele. Não é facilmente removível com a lavagem das mãos.
Os pertencentes à microbiota transitória – colonizam a camada mais superficial da pele, o que permite sua remoção mecânica pela higienização das mãos com água e sabão, sendo eliminada com mais facilidade quando utiliza uma solução anti-séptica. Exemplo das bactérias de Gram-negativo, como as enterobactérias (Escherichia coli) bactérias não fermentadoras (Pseudomonas aeruginosa) além dos fungos. Coloniza as camadas superficiais da pele, sendo adquirida no contato com pacientes ou com superfícies contaminadas em proximidade com os pacientes. É a mais frequentemente associada a Infecções Hospitalares, sendo facilmente removível com a lavagem adequada das mãos.
A higienização das mãos apresenta as seguintes finalidades:
– Remoção da sujidade, suor, oleosidade, pêlos, células descamativas e da microbiota da pele, interrompendo a transmissão de infecções veiculadas ao contato.
– Prevenção e redução das infecções causadas pela transmissão cruzada.
Produtos utilizados para higienização das mãos
Água – A água deve ser livre de contaminantes químicos e biológicos.
Sabões – Recomendam-se o uso de sabão líquido, tipo refil, devido ao menor risco de contaminação do produto. Não tem atividade antimicrobiana. Retiram a sujeira, várias substâncias orgânicas e a flora transitória frouxamente aderida à pele.
Agentes Anti-sépticos – São substâncias aplicadas à pele para reduzir o número de agentes da microbiota transitória e residente. Entres os principais antissépticos utilizados para higienização das mãos destacam-se: Álcoois, Clorexidina, Compostos de iodo, Iodóforos e Triclosan.
Papel Toalha – Deve ser suave, possuir boa propriedade de secagem, ser esteticamente aceitável e não liberar partículas.
Álcoois – Atividade antimicrobiana atribuída à sua habilidade de desnaturar proteínas. Soluções contendo 60-95% de álcool são as mais eficazes (concentrações maiores tem menor potência). Tem excelente atividade germicida contra bactérias de Gram-positivos e Gram-negativos, M.tuberculosis e fungos. Tem ação contra a maioria dos vírus (para inativação do HBV e do HCV a concentração deve ser de 60-70%). Tem pouca atividade contra esporos bacterianos, oocistos de protozoários e alguns vírus não envelopados e não lipofílicos. Não tem atividade residual, no entanto, o recrescimento é lento. A adição de clorexidina, quaternários de amônia ou triclosan às soluções alcoólicas resulta em atividade persistente
Microbiologia dentro da estética: Equipamentos necessários
– Lavatório;
– Dispensadores de sabão e antissépticos;
– Lixeira para descarte do papel toalha.
Higienização simples das mãos
Finalidade: Remover os microrganismos que colonizam as camadas superficiais da pele, assim como, o suor, a oleosidade e as células mortas, retirando a sujidade que propiciam a permanência e a proliferação de microrganismos.
Duração do procedimento: 40 a 60 segundos.
Técnica
- Abrir a torneira e molhar as mãos, evitando encostar-se a pia.
- Aplicar na palma da mão quantidade suficiente de sabonete líquido para cobrir todas as superfícies das mãos (seguir a quantidade recomendada pelo fabricante).
- Ensaboar as palmas das mãos, friccionando-as entre si.
- Esfregar a palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda entrelaçando os dedos e vice-versa.
- Entrelaçar os dedos e friccionar os espaços interdigitais.
- Esfregar o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta, segurando os dedos, com movimento de vai-e-vem e vice-versa.
- Esfregar o polegar direito, com o auxílio da palma da mão esquerda, utilizando-se movimento circular e vice-versa. Friccionar as polpas digitais e unhas da mão esquerda contra a palma da mão direita, fechada em concha, fazendo movimento circular e vice-versa
- Esfregar o punho esquerdo, com o auxílio da palma da mão direita, utilizando movimento circular e vice-versa.
- Enxaguar as mãos, retirando os resíduos de sabonete. Evitar contato direto das mãos ensaboadas com a torneira.
- Secar as mãos com papel toalha descartável, iniciando pelas mãos e seguindo pelos punhos. No caso de torneiras com contato manual para fechamento, sempre utilize papel toalha.
Riscos que são observados nas clínicas de estética
Os riscos principais ligados a microbiologia dentro da estética são riscos biológicos, bioquímicos e químicos, físico-acidentais e ergonômicos.
Riscos Biológicos: este risco está associado a qualquer tipo de ser vivo que possa apresentar algum tipo de ameaça: Bactérias, Leveduras, Fungos, Parasitas e também outros seres humanos. A transmissão desses patógenos podem ser realizadas pelos materiais utilizados pelos profissionais como alicates, espátulas, escovas, máscaras, luvas, touca, entre outros utensílios.
Riscos bioquímicos e químicos: este tipo de risco é quando se envolve algum perigo ao manusear materiais químicos que podem causar danos físicos ou prejudicar a saúde, podemos dizer que substâncias tóxicas se encaixam nessa categoria. Exemplo: tintas de cabelo, produtos de limpeza, emulsões, ou algum outro tipo de substancia. Os riscos químicos são gases, vapores que podem entrar em contato com o organismo principalmente por vias áreas.
Riscos físico-acidentais: nessa classificação entram os riscos com equipamentos, máquinas usadas pelo profissional de estética, e também a infraestrutura e instalação da clínica. Entra-se nessa categoria temperaturas excessivas, vibrações, radiações, umidade, eletricidade e incêndio.
Riscos Ergonômicos: nesse risco estão o esforço físico, postura inadequada durante procedimentos, situação de estresse e monotonia/repetitividade.
Procedimentos exigidos para garantir um ambiente livre de contaminações
É importante salientar que em ambiente coletivo onde há contato com diversas pessoas de origem e costumes diversificados, é necessário adotar procedimentos de higienização diferentes dos comumente utilizados em ambientes domésticos.
Segundo o decreto no 23.915 da Covisa (Vigilância Sanitária Municipal), os profissionais de beleza devem seguir as seguintes normas sanitárias:
- Possuir paredes e pisos lisos e impermeáveis para não acumular microrganismos, poeira ou resquícios de secreções;
- Deve ter: lixeira de pedal com saco plástico para descarte de material contaminado, lavatório com sabonete líquido e papel toalha;
- Maca com superfície lisa ou lavável, forrada de lençol TNT ou papel branco (resistente);
- Todos descartáveis devem ser trocados a cada cliente;
- Mesa auxiliar (carrinho) com superfície lisa e lavável, para acomodar bandeja forrada com papel toalha para os materiais de uso;
- Touca e faixas devem ser descartáveis;
- Utilizar instrumentos esterilizados ou descartáveis;
- Na cabine de estética ou na clínica, a esteticista deve estar atenta para higienização de materiais.
A simples limpeza das mãos de forma correta, pode prevenir uma série de contaminações, seja ela por fungos ou bactérias.
A higienização tem como objetivo eliminar as mãos da sujeira, removendo bactérias, transitórias e residentes, como também, células descamativas, pelos, suor, oleosidade da pele, e deve ser feita antes e depois de atender cada cliente.
Os profissionais de estética devem adotar este procedimento como um hábito e seguir as recomendações corretamente.
Alguns pontos devem ser cuidados em relação aos produtos de higienização. Por exemplo, o sabonete em barra, ao formar rachaduras, pode abrigar muitas bactérias. A água que se acumula na saboneteira, somada aos restos que se dissolveram, também é criadouro para os microrganismos, pois esse tipo de sabão não contém álcool em sua formulação.
[box type=”bio”] Paralelo à esse cuidado, para proporcionar uma higienização mais profunda, evitando a propagação de germes que podem ocasionar infecções, é indicado o uso em conjunto de um produto antisséptico.[/box]
Limpeza de materiais ligados a microbiologia dentro da estética
Material | Periodicidade | Tipo de Produto |
Ar condicionado | Limpar filtro mensalmente | Sabão e água hipoclorito 1%. Deixar de molho o filtro por 30 minutos e na superfície deixar a solução por 15 minutos. Secar com papel descartável. |
Bancadas | Limpar diariamente ou sempre que houver contaminação. | Com pano ou papel descartável, usar álcool 70%. Remover a contaminação e passar a solução. |
Paredes | Mensalmente. | Com água e sabão. Limpeza normal. |
Pias | Diariamente ou sempre que houver contaminação. | Com água e sabão. Limpeza normal. |
Pisos | Diariamente ou sempre que houver contaminação. | Sabão e água com hipoclorito a 1%. Limpeza com um molho de 15 minutos. Secar com pano. |
Lixeiras | Os sacos plásticos devem ser trocados diariamente. Lavar semanalmente ou sempre que houver contaminação. | Sabão e água hipoclorito 1%. Deixar de molho o filtro por 30 minutos e secar. |
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